Quando em 1954 edita A Sibila (um dos primeiros romances por si escritos), Agustina Bessa-Luís afirma-se como uma voz única no panorama literário português. Nesta obra,
a autora coloca uma mulher (a personagem principal) em confronto com o seu destino. A narrativa avança e recua no tempo para urdir uma tela em que o passado e o presente são absolutamente interdependentes.
Uma vida não se conta só pelo tempo que decorre entre o nascimento e a morte. Há um passado que não se pode ignorar, pois sem ele essa vida não teria a sua origem e há um tempo depois da morte em que os efeitos dessa vida se vão repercutindo. Assim acontece neste livro, que atravessa um período de cerca de cem anos (entre cerca de 1850 e 1950) para narrar uma vida de alguém que não terá chegado a essa idade.
No entanto, o tempo da ação que tem como pano de fundo a região de Entre Douro e Minho – região/matéria-prima para grande parte da obra de Agustina – é o de uma sociedade que sofreu entretanto muitas transformações. Este facto torna-se evidente pela profusão de referências a diversos aspetos culturais característicos desta região naquele tempo.
Valorizando esse património cultural em desaparecimento, solicitamos a José Gonçalves a seleção de nove excertos que espelhassem estes costumes e tradições característicos da região e pedimos a nove artistas que os traduzissem visualmente, celebrando desta forma a autora e esta obra em particular, ao mesmo tempo que propomos uma reflexão pictórica sobre aspetos culturais de Entre Douro e Minho, vincando assim o papel da literatura enquanto forma de itinerância no espaço e no tempo.
Artistas participantes: Carvalho Ribeiro, Gil Peixoto, José Pereira, Karin Somers, Mariana Castro, Mário Peixoto, Patrícia Verme, VeraMatias e Verena Basto
Produção: Officina Noc
Horário: 9h30 – 12h30 | 14h00 – 18h00